Saudações 2019! Este é o primeiro capítulo da HQ que estou produzindo e prometo publicar esse ano! O Segundo Crepúsculo é inspirado no gênero de Quadrinhos Aforísticos Filosóficos. Minhas principais referências são os trabalhos de Edgar Franco (ciberpagé) e Danielle Barros (IV Sacerdotisa), por quem eu nutro profunda admiração e carinho.
Meu processo criativo envolve rituais meditativos, que buscam induzir o transe e me permitem fluir versos que mais tarde transformo em quadrinhos. Cada página é um painel, de modo que cada verso se traduz em uma arte quase distinta da outra. Busquei manter alguns dos aspectos semióticos que analisei e identifiquei dos quadrinhos do gênero, contudo, adicionando meu próprio DNA na abordagem artística e simbólica.
A HQ completa tem previsão para ser concluída com cinco capítulos. Destes, já conclui o roteiro de pelo menos três - ou seja, ainda faltam dois rituais para serem efetuados! Quando o trabalho estiver concluído, anunciarei a publicação e distribuição do álbum por todas as mídias do Caosofia Canal!
Portanto, mantenham-se antenados com o Caosofia, e cliquem na primeira imagem para ler o primeiro capítulo desta obra mística e filosófica. Até por acaso!
A equação de Schrodinger serve para descrever o estado de um sistema quântico - levando em conta sua interação com os instrumentos de observação. Tal equação dá como resultado uma função de onda; uma espécie de assinatura quântica do fenômeno observado.
A equação de Schrodinger é formulada como uma equação ondular - o que parece sensato, uma vez que tenta descrever o comportamentos de partículas subatômicas que se manifestam a dualidade onda-partícula, a exemplo dos elétrons.
Alguns pensadores da filosofia mística buscam afirmar que tal concepção - a de que fenômenos quânticos podem ser descritos com funções de onda - pode ser transportado para TODOS os fenômenos observáveis, a despeito de ordem de grandeza ou natureza de manifestação.
Este humilde autor não se sente imbuído da necessária autoridade para colocar uma pedra neste assunto. Não posso afirmar que tal transporte bruto de uma proposição que descreve o comportamento de partículas infimamente pequenas pode ser usado para falar de eventos de outras ordens e proporções - muito menos posso dizer que esta é uma afirmação equivocada.
Tudo o que posso afirmar é a maneira inegável como todas as concepções científicas sobre a realidade material concordam que o que chamamos de material, não é tão sólido quanto parece. Que nada permanece tão "no lugar" quanto nossos antepassados imaginavam; que não parece existir uma unidade indivisível e inquebrável, um "átomo", como pensava um certo filósofo grego.
Tudo o que sabemos é que tudo está, constantemente, vibrando.
Desenvolvi dois métodos distintos por meio dos quais um adepto, seja iniciante ou experiente, possa praticar uma forma de internalização tácita e prática com esse conceito para além das palavras e das ilustrações em livros de ciência.
Método 1: Música
Como a maioria dos meus métodos, o exercício exige alguma experiência com a prática da meditação. Entendo meditação como um exercício de foco e, neste caso, vamos focar nossa atenção, inteira e devotamente, a alguma música.
Eu recomendo alguns gêneros musicais que se provaram bem propícios para esse exercício: Música Clássica, Lofi Hiphop, Post-Rock, Glicth Hop e Etherial Music. Pesquise esses gêneros musicais, tente se familiarizar um pouco com eles, até encontrar algum álbum ou música que se sinta confortável para levar para o exercício.
Coloque a música para tocar em fones de ouvido e medite focado na música. Não escute a música apenas com os ouvidos, mas com o corpo todo! Prefiro não dizer o que você deve ou não sentir com o exercício. Pratique ele e anote os resultados!
Método 2: Glândula Pneal
Sacerdotes Incas costumavam capturar grilhos na floresta, colocar eles em pequenas caixas e meditar sob o canto dos grilos. Tal som se aproxima do zumbido estridente que escutamos quando estamos no mais absoluto silêncio. Em realidade, esse som se faz presente em todos os instantes, mas está subterrado por toda a sobrecarga de estímulos de nosso cotidiano.
Meditar concentrando-se nesse som pode abrir chaves inimagináveis para o adepto. Essa é minha segunda sugestão de exercício. Medite em silêncio e concentre-se nesse som, considerado pela filosofia mística, como o som de nossa glândula pneal.
Ao concentrar-se nesse som, tente, como no exercício anterior, sentir a vibração de seu corpo entrando em ressonância com o som de sua glândula pneal. Sempre que o som em sua cabeça mudar de frequência, volte a tentar vibrar seu corpo junto com ele. Verificar o efeito dessa prática fica sob sua própria conta de risco!
Até por acaso! - Fausto Ramos. ****************************************
Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Vibração. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!
Certa vez, viajando no período da
noite, avistei São Paulo pela janela do avião e perdi meus olhos naquele
circuito amarelado. Vi afluentes de um rio transportando caixotes de metal. Vi
artérias e veias pulsando glóbulos brancos, vermelhos, azuis e prateados. Vi um
sistema nervoso, pulsando cargas elétricas, iluminando neurônios e transmitindo
informações.
Formou-se em minha mente uma analogia sobre a arquitetura urbana e o inconsciente individual. A cidade é como uma manifestação física de nossas necessidades fisiológicas, emocionais e espirituais. Existem edifícios voltados para a cultura e o saber. Existem edifícios onde moram memórias vivas de momentos que passamos em família ou entre amigos. Existem edifícios para nossos momentos de maior angústia, quando decidimos buscar apoio em forças elevadas. Existem ainda
regiões designadas às necessidades mais lascivas.
A ideia de que reproduzimos,
meio sem saber, quem somos e o que somos nas obras e edificações se iluminou
para mim naquela viagem. Dividi tal impressão com alguns amigos que fingiram
compreender bem, mas não acrescentaram nada de útil à analogia. Foi em
conhecimentos antigos que encontrei minha resposta:
“O que está
dentro é como o que está fora.
O que está fora
é como o que está dentro. ”
Meu exercício
para esta semana é bem simples: É um exercício de observação!
Os ambientes que
você frequenta representa as pessoas que povoam aquele lugar? Ao observar o
interior de uma loja, você consegue perceber a lógica por trás de sua
organização? E quando entra na casa de alguém, o que consegue notar? A
disposição dos móveis facilita a circulação ou mantém as pessoas trombando umas
com as outras enquanto transitam em um corredor? O que esta forma de ordem pode
revelar sobre a relação das pessoas naquele ambiente familiar?
Esse exercício
de observação tem, por si só, o poder de aguçar sua percepção sobre a relação
raramente consciente entre os espaços que as pessoas ocupam e sua própria
situação mental, pessoal. Tal lhe permitirá observar o seu próprio ambiente,
seu quarto, sua casa e descobrir maneiras mais produtivas e eficientes de
organizar seu espaço. Seu quarto reflete quem você é? Se não, o que você
precisa mudar sobre ele para que ele reflita melhor sua personalidade, sua
interioridade?
“Assim acima como abaixo.
Assim abaixo como acima.”
Esta equiparação
entre interior e exterior é, também, uma forma de equiparação entre níveis
diferentes de organização. Ao harmonizar a exterioridade material (seu
ambiente) com a sua interioridade mental (sua mente, sua personalidade), você
precisará observar muito bem como as leis de organização estão atuando em ambos
planos – Físico e Mental – e descobrir uma maneira de alinhá-los
apropriadamente.
Quando criei o
Caosofia, eu tinha a convicta intenção de desvelar o mundo pelos olhos do Caos.
Contudo, aqui estou eu falando sobre Ordem e Lei. Darei um simples conselho
àqueles que enxergam uma – inexistente – contradição em minha postura.
Antes de
atirar-se ao Caos, ponha sua vida em Ordem. De bagunça em bagunça, não
enxergamos distinção ou resultado. Se eu chego em um quarto bagunçado e dou um
pontapé numa trouxa de roupas sujas e remexo os pertences espalhados na mesa, o
dono do quarto dificilmente notaria qualquer diferença. Mas caso você chegue em
meu quarto e desalinhe um dos meus cubos de seu devido ângulo, eu notarei! Pois
é necessário estar em perfeita ordem para notar, com a mais aguda
sensibilidade, a ação da entropia em nossas vidas.
Até por acaso! –
Fausto Ramos
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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Correspondência. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!
O Todo, Mente Vivente, não cria o Universo Manifesto a partir do vazio,
muito menos em um ponto exterior a si mesmo, quanto menos usa de sua própria
matéria para manifestar nossa Realidade Mutável.
O Todo PENSA o Universo. Como em um exercício meditativo, o Todo se
concentra e, desta forma, cria uma imagem em sua Mente. Esta imagem, na escala
da Mente Total, é a nossa existência na realidade, manifesta em todos seus
múltiplos níveis. Assinale essa como a primeira lição: o exercício de Criação é
análogo a um exercício de foco - de meditação.
Seguindo o Princípio da Correspondência, em uma escala menor e finita,
somos capazes de participar nesse ato de Criação de nossa realidade, seguindo a
correspondências de Leis e Princípios mentais presentes em todos os níveis de
existência. É portanto que eu proponho um exercício cujo único pré-requisito
consiste na prática da meditação.
Antes de meditar, pense em alguma questão da sua vida prática que
precisa ser solucionada. Seja um processo seletivo, a escassez de algum item
essencial ou mesmo um objeto perdido. Utilizarei o exemplo deste último para
ilustrar o exercício.
Coloque-se em posição relaxada e medite por até dez minutos - ou até
atingir o estágio de meditação profunda. Pense sobre o objeto perdido, busque-o
em sua memória. Pense em momentos que você passou com esse objeto e porque é de
suma importância que você volte a o encontrar.
Agora vem a etapa mais fundamental: visualize o objeto, tão tacitamente
e presente quanto possível. Pense em suas formas, atributos, verbalize essas
características em sua mente, e a visualização ganhará mais força. Sinta o peso
desse objeto em suas mãos, a textura - brinque com ele.
Em um estágio mais avançado, construa o cenário ideal em que você
encontrará esse objeto. Minha sugestão pessoal é para que você visualize algum
momento posterior ao derradeiro encontro - tal facilita a visualização e abre o
leque de possibilidades para que o objeto efetivamente encontre seu caminho de
volta a você.
Durante este exercício, mentalize os dizeres: “Eu sou co-criador(a) de
minha Realidade. Eu participo no ato da Criação.” Tais dizeres são uma forma
simples de codificar a operação hermética que está sendo exercitada. É uma
maneira de colocar sua mente, finita e limitada, em confluência com o exercício
de Criação exercido por uma mente Infinita e Inefável, que é a Mente do Todo.
O resultado de sua visualização será a prova de seu derradeiro sucesso
(ou não) com o exercício. O praticante com bom discernimento e sabedoria tem
uma baixíssima taxa de fracassos, não por ser demasiadamente poderoso(a), mas
por escolher sabiamente suas batalhas.
Até por acaso! - Fausto Ramos
***************************************** Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio do Mentalismo. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!
Semeando a vida no Cosmos, velejando
pelas águas do luto e saboreando os encantos do prometido Éden; Agartha fala de
mistérios íntimos ao coração dos iniciados. Mistérios que mesmo eu hesito
postular em palavras - e que Edgar Franco traduziu tão bem com sua arte poética
e filosófica.
As pinceladas de Dr. Franco são
encharcadas de referências ao erótico, figurando o sexo como uma manifestação
de nossa natureza instintiva, primal e divina. A nudez expressa um estado de
pureza - um convite à comunhão com o que há de mais natural em nós.
Meu alicerce para essas observações
passa pelo estudo de um sensível pesquisador, José A. Gaiarsa. Psicanalista
brasileiro, J.A.Gaiarsa é responsável por trazer ao Brasil as ideias de Wilhelm
Reich, discípulo de S.Freud e terapeuta corporal. Faço, portanto, um paralelo
entre a obra de Edgar e as ideias que esse escritor nos apresenta sobre o
corpo, o sexo e o amor.
O sacro-sexo é um tema central em
Agartha. A comunhão entre parceiros representa o próprio Éden - estado de
sublime comunhão com o infinito. Enquanto os amantes se entrelaçam e se
confundem um no outro o tempo para, o resto do mundo se abstrai, inexistindo
outra instância do espaço-tempo senão aquela em que os enamorados se fazem
presentes em carne, alma e espírito.
Tal é minha descrição da sublime
experiência representada nas páginas de Agartha. Contudo, o mesmo conceito pode
ser encontrado em Amores Perfeitos, título da transcrição de um circuito de
palestras que J.A.Gaiarsa ministrou em Brasília no princípio dos anos 1990’s.
Aqui, o psicanalista descreve as características de um contato vivo, corpo a
corpo - alma com alma - que melhor representa o estado amoroso genuíno e
enriquecedor.
Eu e você e mais nada. Eu gostaria de comparar essa sensação de
isolamento a dois com a formação de um casulo. Ocorre o isolamento porque vai
acontecer uma coisa muito importante e muito delicada aqui dentro - entre nós.
Só nós dois no universo - é muito bonito isso. - GAIARSA, Amores Perfeitos,
p.39-40
O terapeuta também descreve a maneira
como esse estado amoroso pode quebrar com a barreira erguida pelas restrições
sociais. A couraça muscular do caráter é uma proposição teórica de W.Reich
e descrita por J.A.Gaiarsa como “toda a força que eu faço para não fazer aquilo
que eu quero, aquilo que gosto, aquilo de que preciso” (Gaiarsa,1994).
Wilhelm Reich descreve o orgasmo - o
bom orgasmo - como possuindo a função biopsíquica de quebrar a couraça dos
preconceitos e restrições a que nossos corpos são submetidos pelo
condicionamento social - regulatório, restritivo e neurótico. Em convergência
com W.Reich, George Bataille descreve semelhante estado de derretimento
provocado pela união erótica.
O filósofo G.Bataille discrimina um
solvente e um catalisador na complexa ritualística do empreendimento
amoroso, componentes da reação que dissolve as barreiras do corpo e do Ego,
permitindo que aos amantes a comunhão com a continuidade. Enquanto seres
finitos, delimitados por nossas identidades - sempre restritivas, neuróticas - nos manifestamos no mundo como seres descontínuos, com começo e fim, nascimento
e morte; posturas, gestos, desejos e intenções limitadas por nossas
possibilidades no espaço-tempo circunstancial.
O que G.Bataille propõe é que a união
amorosa, quando plena, é capaz de desmanchar essas limitações, ao menos, entre
os sujeitos que a ela se submetem. Um encontro - agora em J.A.Gaiarsa -
individualizante, na medida em que pinça aquele rosto anônimo da multidão e o
põem à frente de seu amante, distinto e especial . É necessário perder-se no outro para emergirmos mais
seguros de nossa própria identidade. Assim, o amor individualiza, edifica e
revigora o espírito.
Tais digressões parecem cair longe do
alvo, contudo, é Edgar Franco quem acerta em cheio ao representar o estado
amoroso como um gozo prazenteiro, capaz de dissolver amarras e desafiar a
consistência do próprio ego. A sensação de aqui-agora se torna tão viva e forte que nossa percepção do espaço se torna maleável quando nos encontramos livres das amarras do
tempo. Na comunhão amorosa, somos
eu e você, carne e pele - nada de títulos, honrarias ou posição sociais. Tal
está estampado em Agartha, para os olhos que se propõem a enxergar.
Ao final da obra, Edgar apresenta um
risco sobre a maneira como podemos recorrer a viver o amor de forma egoísta e
inconsciente. Da convivência contínua e ininterrupta, pode surgir o tédio, o
fatigante e o monótono. Não por coincidência, Gaiarsa alerta sobre o mesmo
perigo: todo estímulo quando muito repetido, para de ser notado. É humano - e
muito natural. É portanto que o psicanalista sugere, gentilmente, que o segredo
para um bom amor é fugir da monotonia.
Vida é variação. Tudo o que não muda,
só pode estar morto. “A repetição é a defesa contra a criação” (Gaiarsa, 1994).
Franco alerta contra a monotonia do contato contínuo que, quando mal dosado,
converte-se em insensibilidade - e o prazer transforma-se em dor.
Estes foram alguns comentários mais
profundos sobre referências teóricas e inspiradoras que o trabalho do professor
Franco me evocou. Pretendo permitir que esse diálogo de ideias, aspirações e
sonhos se prolongue tanto quanto possível. Contudo, por hora, encerro minha
prosa convidando o leitor a adquirir a obra pelo link abaixo!
Para mais resenhas, textos e vídeos
abordando assuntos profundos sobre magia, psicologia e religião, mantenham-se
antenados com o Caosofia e até por acaso!
"Olá, eu sou Fausto Ramos e estou aqui para questionar tudo o que você acredita como certo!", ou alguma introdução tão chamativa e instigante quanto esta. É assim que me introduzo ao início de cada vídeo de meu canal: como alguém que anseia disseminar a semente do conhecimento entre meus espectadores.
Tenho 29 anos. Estudo licenciatura em matemática e leciono inglês em uma escola particular. Faço de minha sala de aula um laboratório para as teorias pedagógicas que estudo com tanto afinco e interesse. Amo a matemática! Sou apaixonado por psicologia, filosofia, quadrinhos e toda sorte de arte.
Sou dançarino de Danças Urbanas! Estou inserido há mais de 11 anos na cena do Hiphop em meu estado. Tenho paixão pela escrita e flerto um bocado com o audiovisual. Arranho melodias no violão a fim de produzir minhas próprias trilhas sonoras. Sou multitalentoso, como qualquer outro jovem de minha geração que pretende projetar-se no mercado cultural.
Tal como um jovem adulto do século XXI, enfrento as pressões excruciantes da crescente globalização e das enormes demandas feitas sobre minha geração. Como resultado, esforço-me para conciliar meu trabalho com estudos, vídeos semanais, roteiros para quadrinhos e conteúdos para uma página de facebook.
Minha geração parece desejar tudo aqui e agora, movida por um imediatismo desmedido. Tudo o que não trás resultado imediato, parece fadado ao fracasso. Concordo que estamos, sim, hiper-conectados. Mas tal faz parte das exigências preponderantes da evolução dos meios de comunicação. A velocidade com que digerimos informações acelera à medida em que as mídias de informação se tornam mais ágeis, mais imediatas - e mais passageiras também. Busco compreender essas inovações e dosar até que ponto posso deixar-me conduzir por essas demandas de novidade constante e efemeridade desconcertante.
Aspiro ser um produtor de conteúdos culturais. Desejo publicar livros - tornar-me um escritor é um sonho de infância! Pretendo, também, participar de projetos de audiovisual, quadrinhos e inclusive escrever roteiros para jogos eletrônicos. É por isso que me lancei como produtor de conteúdo para o youtube: necessitava de uma mídia para propagar minhas ideias e criar um espaço discursivo que expusesse minhas competências e potencialidades.
O mundo está mudando. Uma Nova Ordem Mundial está eclodindo dos escombros da antiga lógica de mercado e divisão de trabalho. Os modos de ser do velho mundo estão protestando, isso é fato. Existem forças reacionárias reagindo a essas mudanças. É compreensível: todo indivíduo enfrenta esse processo a nível pessoal quando atravessa uma profunda reconfiguração de valores. É um processo sofrido, árduo, mas sem escapatória.
Esse texto tinha a intenção de me apresentar para meu público. Por mais confusas que sejam essas digressões sobre os conflitos de nossa contemporaneidade, não enxergo melhor maneira de introduzir minha pessoa. Meu ideário, minha visão de mundo, estão empregados em todo meu trabalho artístico, profissional e até mesmo em minhas relações pessoais.
Para falar sobre quem eu sou, preciso considerar o contexto em que minha individualidade se manifesta: no mundo, no presente, no concreto e no filosófico. Caso queiram compreender mais sobre meu trabalho, acessem minha página, assistam meus vídeos! Mantenham-se antenados e até por acaso!
Não posso mais assistir ‘This is
America’ sem chorar. Quando descobri o vídeo na noite de domingo, fiquei
intrigado e fascinado com as múltiplas narrativas e possibilidades
interpretativas. Dediquei horas a esse exercício de pesquisa e investigação
semiótica. Na manhã de segunda feira (07/05), tive uma reação diferente. Chorei
assistindo o vídeo e desde então, não deixei de chorar nenhuma vez.
É fácil se perder em vídeos de análise,
textos de interpretação e coletâneas de referências sobre a obra prima de
Donald Glover. O exercício é válido, é importante e se estenderá por muito
tempo. É o tipo de peça cultural que as futuras gerações estudarão minuciosamente
para compreenderem os tempos em que vivemos hoje.
Contudo, enquanto educador, faço uma
ressalva: mais importante do que entender o vídeo - suas nuances e referências
- é aprender com ele. Esse aprendizado não ocorre de forma racional e estruturada,
mas em forma de afetos. Para conhecermos algo, para aprendermos, precisamos nos
permitir afetar por aquele saber. Não existe aprendizado sem afeto; não existe
consolidação de saber, sem afeto.
Apenas para exemplificar a relevância
do afeto na aprendizagem, tomem como exemplo o caso de homens que estudam a
causa feminista. Eles leem relatos, assistem vídeos, conversam com suas amigas
e dão um show de erudição quanto à história do movimento e suas principais
pautas e, mesmo assim, agridem, abusam, oprimem e cometem as mesmas faltas que
identificam tão claramente em outros homens. Assimilar uma ideia ou um
discurso, racionalmente, não significa ter aprendido muita coisa com ele.
Isso se dá porque a compreensão
racional configura-se em uma mera artificialidade quando desvinculada da
prática e do afeto. Sentir um conhecimento é criar um vínculo pessoal,
exclusivo e significativo com os conteúdos que assimilamos. Assim como o
feminismo não existe desvinculado da prática, ‘This is America’ só ganha vida
quando nos permitimos explorar um vínculo afetivo e pessoal com a obra.
Apesar da violência do vídeo, o que
mais me tocou foi a incorporação que Donald faz de James Brown quando
sobe no carro e dança – e como dança! SZA incorpora uma releitura da estátua da
liberdade: a liberdade da comunidade negra, renegada a um espaço de relíquias
(carros antigos) e representações que transcenderam à posição de ícones de
resistência cultural (James Brown).
Para mim, essa cena representa o legado
cultural deixado pelas gerações de artistas que, mesmo perseguidos e mortos,
continuam derramando sobre nós sua influência e disposição à luta. O músico
executado no começo do vídeo ressurge tocando violão - a arte transcende as
barreiras do tempo e encontra sua continuidade em nós.
“One, two, three, Get Down!”, não
resisto e choro toda vez! Há mais de oito anos participando da cena do HipHop, perguntei-me dezenas de
vezes: qual é o meu espaço no HipHop? Qual é o meu papel na Cypher? Na dança?
Nos espaços de diálogo e construção coletiva? Por mais que a própria comunidade
me apontasse o dedo para dizer: “Fausto, você representa!”, sempre tive
relutância em assumir esse encargo. Sem consciência do porque, mantive-me à
margem.
Childish Gambino me respondeu com
lágrimas o que as palavras falharam em dizer: Eu sou HipHop!, e qualquer
tentativa de questionar o meu papel nessa comunidade por questões étnicas é
simplesmente risível. O HipHop é de qualquer pessoa que esteja pronta para
assumir o peso do seu legado e compreender todos os sacrifícios feitos para que
estivéssemos aqui hoje, cantando, rimando, dançando e festejando!
Quem queira atingir interpretações
profundas com o clip, deve entregar-se à introspecção - ir fundo na própria
ferida. Pois sem afeto, não há mudança de atitude. Sem afeto, o discurso se
esvazia em mera erudição, em exibição flácida de referências históricas e
contextuais.
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