sexta-feira, 12 de abril de 2019

Quatro Elementos - Prithiui


Os frutos da terra sorvem o néctar da vida. Para colhermos bons frutos, precisamos plantas com antecedência e se certificar de que as intempéries do clima e das pragas não destruirão nossa plantação. Com este texto, recomendarei um exercício para se conectar melhor com o elemento de Prithiui!


Vá a algum lugar à natureza, com grama ou terra nua. Pode ser um bosque, um parque, o que preferir. Diferente dos outros exercícios que exigiam apenas uma boa concentração na meditação, para este exercício, eu vou pedir que faça uma visualização muito específica.

Fique em algum lugar onde possa sentar-se com a planta dos pés bem firmes no solo. Caso preferir, pode sentar com os joelhos dobrados no chão - a visualização será ligeiramente diferente. Com os pés na terra, feche os olhos e comece a meditar. Use o barulho do ambiente como algo que te incentiva a mergulhar mais profundamente no exercício.

Quando sentir-se completamente concentrado, visualize raízes douradas saindo da planta do pé e se entranhando na terra. Caso tenha preferido sentar no chão, imagine essas raízes saindo dos pés, das pernas e do quadril. Afunde essas raízes na terra e em seguida, comece a visualizar a energia da terra sendo puxada para dentro de si. Sugue essa energia a casa inspiração e intensifique sua presença no corpo a cada expiração.

Sinta a energia que está agora em seu corpo. Se familiarize com ela. Com o tempo, será proveitoso associar essa sensação a um nome ou glifo. Como de costume, eu costumo associar ela a um triângulo de ponta para baixo com um traço horizontal no meio. Chamo-a de: PRITHIIUIIIII!!

A prática e a recorrência do exercício provocarão resultados que cabe ao praticante descobrir. Após cada prática, anote os resultado em seu diário mágico. 

Eu faço apenas uma pequena advertência adicional sobre este exercício em particular. Não tente fazê-lo dentro de casa. Pratique-o no local mais aprofundado na natureza quanto possível. O motivo é simples: ao enraizar-se na terra, você estará se conectando com a energia presente naquele solo. Em nosso ambiente urbano, isso implica conectar-se com a energia do esgoto que passa por baixo de nossas casas. Eu já tive a PÉSSIMA experiência de me conectar com essa energia, apenas para prometer a mim mesmo nunca praticar esse exercício sem antes me certificar de encontrar um solo mais limpo e natural.

Até por acaso! - Fausto Ramos


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Psiu! Ei! Você ainda está meio confuso sobre oque esse texto está falando? Não tem problema! Dá uma conferida nesse vídeo aqui, ele pode te ajudar a entender melhor!



sexta-feira, 5 de abril de 2019

Quatro Elementos: Apas


O campo de nossas emoções é um rio de águas correntes. Nadar nas águas dos sentimentos requer experiência e atenção. Este vídeo trata justamente de Apas: o elemento responsável pelos sentimentos emoções. Para compreender como se sintonizar com esse elemento, segue uma sugestão de exercício.

Vá a algum lugar à natureza, com alguma concentração de água. Pode ser o mar, ou um lago, ou um rio, o que preferir. Como pode deduzir dos outros textos, você irá meditar concentrando sua atenção nos sons e na presença deste elemento em sua representação física.


Caso não queira (ou não possa) se deslocar e prefere fazer a meditação dentro de casa, sugiro valer-se do recurso mental da imaginação. Utilize um aplicativo que simule o som do mar ou de ambientes aquáticos para tocar na sua caixa de som ou celular. Vale tanto o barulho de chuva quando o barulho do mar. Apenas advirto para observar bem, pois meditar sobre o som ou a presença de diferentes representações costuma provocar resultados diferentes - a prática e o resultado serão a prova disso.


Após concentra-se no barulho da água, em sua presença e atingir o estado de meditação profunda, aprofunde-se nessa sensação, fixando-a de maneira a reconhecê-la com cada vez mais facilidade. Visualize uma energia azul escura, fria e densa à sua frente. Puxa essa energia para si e se familiarize com sua sensação. 

Uma recomendação que faço é a de marcar seu reconhecimento com esse elemento a partir de algum signo, por exemplo, um triângulo azul apontado para baixo. Sugiro inclusive que mentalize uma palavra para associar a essa sensação. Pessoalmente, eu sempre associo esse elemento ao próprio nome alquímico: AAAAAPAASSS! 

A prática e a recorrência do exercício provocarão resultados que cabe ao praticante descobrir. Não vale a pena induzir o seu resultado mencionando os efeitos que essa prática teve sobre mim. Cada praticante, uma chave, uma descoberta, um resultado. Descubra os seus resultados e anote todos eles em um diário mágico!

Até por acaso! - Fausto Ramos


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Psiu! Ei! Você ainda está meio confuso sobre oque esse texto está falando? Não tem problema! Dá uma conferida nesse vídeo aqui, ele pode te ajudar a entender melhor!


sábado, 30 de março de 2019

Quatro Elementos: Waju



Os ventos dos pensamentos sopram com violência. Controlar esses ventos, requer domínio sobre os pensamentos - o tipo de domínio mais difícil de adquirir. Para isso, proponho um exercício simples:

Medite em algum lugar onde há vento. Você pode subir uma colina, ou ir a uma praia num horário que você saiba que venta muito. Ou, caso não queira se deslocar, coloque um ventilador próximo de si, mas não necessariamente na última potência - vento demais e unidirecional pode acarretar outros problemas para o exercício.

A princípio, busque meditar concentrando-se no movimento do vento e a maneira como ele lhe atinge. Gradativamente, comece a sentir como se o vento lhe atravessasse, como se seu corpo fosse uma casca vazia - um holograma - que não impusesse qualquer resistência à passagem do vento, até que você se tornasse um com o vento. A partir daí, cabe ao praticante constatar os efeitos dessa prática meditativa levado às últimas consequências.  

E caso você queira ir um passo além, ao executar a visualização considerada acima, experimente visualizar uma energia amarelada, com rajadas de azul índigo lhe atravessar. A esse momento, experimente usar um nome que você mentalize firmemente como forma de indexar essa sensação a este nome. Eu geralmente opto pelo mesmo nome do elemento em sua forma alquímica, entoando mentalmente: WAAAAAAJUUUUU!!! Além de visualizar um triângulo apontado para cima entrecortado por uma linha na horizontal.

Para amplificar a complexidade deste exercício. Eu recomendo que o praticante faça uso das associações simbólicas relacionadas a esse Elemento.

Até por acaso! - Fausto Ramos

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Psiiu! Ei! Você teve dificuldade para entender sobre o que esse texto está falando? Então eu recomendo que você assista ao meu vídeo falando sobre o assunto. Dá o play aí!


sexta-feira, 22 de março de 2019

Magia dos Elementos: Tejas



Ao trabalharmos com os elementos na magia, precisamos entender que o elemento em sua representação física é apenas a ponta do iceberg simbólico. O fogo, como enxergamos na natureza, é apenas um pálido representante da energia imanente do inconsciente a qual ele alude. Tende isso em mente, segue uma sugestão de exercício prático com esse elemento.

Meditação em Tejas:

Escolha uma forma de representar o elemento do fogo à sua frente. Você pode ir para uma floresta (ou para o quintal de sua casa) e armar uma fogueira. Sentar em frente à fogueira e meditar se concentrando em todos os estímulos que vem do fogo. Pode observar as chamas, escutar os estalidos da madeira incandescente; sentir o calor do fogo à sua face, braços e pernas. Aprofundando-se, assim, nos estímulos que lhe conectam de forma arcaica ao elemento.

Uma alternativa simples a essa experiência requer um pouco mais de imaginação e improviso. Você pode baixar um aplicativo que simule sons ambiente (como esse aqui), selecionar para simular o som de uma fogueira, acender algumas velas e meditar sentado em frente às velas e ao celular emitindo o som de fogueira. Eu desaconselho a usar fones de ouvido, pois é importante fazer parecer que o som está de fato vindo de uma fonte exterior e que está à sua frente. Feche os olhos e busque visualizar a fogueira, com o auxílio do som, a luminosidade das velas e o calor das velas.

Uma vez alcançando o estado de meditação profunda - chamado estado alfa - você pode começar a estabelecer um contato mais direto com a energia psíquica do elemento. Transforme sua visualização (ou caso esteja de frente para a fogueira, feche seus olhos) e visualize uma massa de energia avermelhada com tons de alaranjado. A sensação dessa energia deve ser tão vívida quanto possível, recordando as associações simbólicas atribuídas ao elemento: seco, quente e ativo.


Conectando-se a essa energia, você pode manipulá-la como preferir, até que se habitue a ela, podendo chamar sua sensação quando convier. Pode experimentar puxar a energia para o próprio corpo e experimentar todo tipo de sensação - as quais não descreverei, deixando a cargo do praticante experimentar e anotar seus resultados. Você pode, também, criar um vínculo de gatilho mental (um atalho para conectar-se com essa energia). Eu, por exemplo, desenho o símbolo alquímico do elemento em frente à sua massa energética: um círculo circunscrevendo um triângulo, tudo vermelho. E também costumo entoar seu nome alquímico: TEEEEEJAASSSSSSS! Assim, sempre que eu visualizar esse símbolo em minha tela mental e chamar por esse nome, eu estarei me conectando novamente com o elemento.

Em momento mais oportuno, compartilharei alguns exercícios mais avançados na prática de conexão com o elemento. Como podem observar, eu costumo adotar uma prática minimalista: o mínimo de recursos, o mínimo de cerimônia e o máximo de resultados. Conectar-se com o elemento a ponto de chamá-lo só pelo nome, requer muita prática e treino. Portanto, pratiquem!

Até por acaso! - Fausto Ramos


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Psssiu! Ei! Você sentiu dificuldade de entender sobre o que esse texto está falando? Então dê uma conferida no vídeo que o antecede, pode te ajudar a se ambientar com o texto:






sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Magia do Caos - Sonhos



É durante a fase de sono REM (rapid eye moviment) que ocorrem os sonhos. Mais precisamente, os sonhos ocorrem em momentos distintos do sono. Temos alguns sonhos curtos no meio do sono, de duração curtíssima. Em via de regra, não nos lembramos desses sonhos. Alguns sonhos de duração média após o terceiro quarto de sono e um sonho longo e mais vívido, durante a última fase do sono. Este último sonho é geralmente o mais recordado pelas pessoas.

Pesquisadores do sono experimentaram interromper o sono de cobaias durante a fase de sono REM. Impedindo assim que essas pessoas sonhassem. A longo prazo, os objetos de experimento foram experienciando baixo rendimento cognitivo, baixa atenção, entre outras dificuldades ao longo da vigília. Tal estudo conclui que o sono REM (e por seguinte, os sonhos), cumprem um papel imprescindível para saúde mental e psíquica.

O fato é: todos sonhamos, porém, nem todos nós recordamos bem o que sonhamos. Para aqueles que desejam aprender técnicas para recordar seus sonhos, eu trago algumas recomendações.

Comece fazendo o pouco que consegue fazer:

Muitas pessoas dizem não recordar de seus sonhos, pelo simples fato de se esquecerem muito velozmente o que sonharam, assim, rejeitando ou ignorando os pequenos fragmentos que consegue se recordar. Se tal é tudo o que consegue se lembrar por hora, anote tudo o que puder, mesmo que pareça pouco. É como treinar um músculo, recordar bem dos sonhos exige treino!

Volte a fita cassete:

Vou revelar minha técnica pessoalmente desenvolvida para recordar sonhos. Eu busco me lembrar do sonho, começando pelo fim e indo em direção ao começo. Assim que acordo, eu continuo na cama, ainda naquele estado de leveza e dormência, e começo a me perguntar: Qual é a última coisa de que me recordo? Assim que a identifico, passo a reconstruir o sonho, me perguntando o que veio exatamente antes da última lembrança. Mesmo quando eu acabo me lembrando de algo que é do começo do sonho, ou outros fragmentos maiores, eu me esforço para reconstruir, sempre de trás para frente, as transições e qual etapa conecta cada fragmento do sonho.

A artimanha por trás dessa técnica é que, ao forçar o meu cérebro a perceber a memória de um modo com o qual não está acostumado, ele precisa fazer o dobro do esforço e, assim, acaba extraindo o quádruplo do nível de detalhamento de caso eu resolvesse simplesmente me recordar do sonho do começo ao fim.

Utilize um marcador:

Você pode utilizar um objeto, um gesto, ou simplesmente olhar para as palmas de sua mão como modo de se lembrar de se perguntar "estou sonhando ou estou lúcido?". Ao se fazer essa pergunta, cotidianamente e principalmente, antes de dormir, você pode conferir se está usando aquele anel que usa todos os dias, ou se a sensação se olhar para as palmas de suas mãos é mesma de sempre, assim, tomando consciência se está ou não em um sonho, recordando melhor dele.

Você pode usar um App:

Ainda que eu possua um caderno físico para anotar meus sonhos, recentemente, passei a utilizar um aplicativo que pode lhe ser bem útil! No Awoken, você pode programar quantas notificações você quer, ao longo do dia, para lhe lembrar de fazer um "reality check" (a técnica descrita anteriormente). Assim como pode deixar programada uma notificação que lhe lembra de anotar seus sonhos todas as manhãs. Afinal, qual é a primeira coisa que você faz quando acorda, senão, pegar seu smartphone para conferir as notificações? Aproveite esse momento e anote o que consegue recordar de seus sonhos!

Não anote, grave:

Em último comentário, eu diria que uma excelente estratégia para facilitar o registro no dia a dia, é fazer uma gravação de áudio daquilo que você consegue lembrar de seu sonho. O app que recomendei acima só permite gravações de áudio em sua versão premium, contudo, nada lhe impede de utilizar qualquer outra app de gravação do celular. Assim, recordar o sonho não tomará tanto tempo da sua manhã. Escutando o áudio mais tarde, você será capaz de preencher outras lacunas, pelo esforço em se recordar do sonho registrado em áudio, acrescentando detalhes em enriquecendo a anotação.

Conclusão:

Recordar e anotar seus sonhos é um passo importante na jornada de autoconhecimento. Auxilia na recuperação de conteúdos recalcados para o inconsciente e a contemplação de símbolos profundamente arraigados em nossa psiquê. Caso tenha mais dúvidas e dificuldades, relate na sessão de comentários. Compartilhe também seus resultados com as técnicas sugeridas!

Até por acaso! - Fausto Ramos.

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Se você gostou desse texto, talvez se interesse pelo meu vídeo falando sobre o mesmo tema. Confira aqui!







sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

As Sete Leis Herméticas - 7# Gênero


“O Gênero está em tudo; Tudo tem seu princípio Masculino e Feminino; o gênero se manifesta em todos os planos.”

Segundo a filosofia hermética, os princípios de gênero Masculino e Feminino podem ser discriminados, na mente, por meio do "Eu" e o "Ego" (do original em inglês: "I and me").

O "Eu" organiza nossa identidade: seus sentimentos, gostos, inclinações, preferências, hábitos, aparência - tudo o que me torna "eu". No que tange à identificação com o corpo, muitos chegam a se identificarem particularmente com suas roupas, de maneira a integrarem suas vestes à sua identidade. Muitas outras pessoas assimilam suas posses, seus bens materiais, sua profissão e sua reputação à gama de qualidades que compõem seu "Eu".

O estudante de hermetismo deve reconhecer que essas variáveis estão sujeitas a outras leis, como o Princípio do Ritmo e o Princípio da Polaridade. Portanto, são características que estão eternamente em mutação. Tal como uma paisagem que muda lentamente - se comparada com os movimentos energéticos do "Ego" - as características do "Eu" se modificam lentamente, provocando uma ilusão de continuidade em sua forma e identidade.

Porém, dado um exame meticuloso, perceberemos que a personalidade - forma como muitos identificam o seu "Eu" - passa por diversas mortes ao longo da vida. Vivenciamos vários "Eu"s, no que tange aos gostos, ao caráter, às aquisições materiais e nossa reputação perante aos outros.

Percebendo tais circunstâncias, podemos nos levar a perceber nossos corpos e as questões materiais como "algo que pertence à minha mente" e não mais como a essência de nosso "Eu". E mesmo assim, podemos nos identificar com nossos sentimentos e emoções - nossos estados mentais. E tais variáveis também estão sujeitas às mesmas leis que nosso corpo, tornando nossa identificação, novamente, variável e pouco confiável.

É apenas quando deixamos de lado o corpo, a matéria e nossos estados mentais que nos encontramos com um "Eu" digno de nossa identificação. Este "Eu", mais próximo da essência e do Si-Mesmo, pode finalmente fazer par com o "Ego". Este "Eu" será percebido como um espaço onde todas as outras variáveis da personalidade e dos estados mentais podem ser produzidos. É o "ventre mental", que dá berço a todas as produções da personalidade, contudo, depende de ser geminado pelo "Ego".

Um dos caminhos mais certeiros para experimentar o estado de puro "Eu", é por meio da meditação profunda. Para conhecer algumas dicas básicas de meditação, minha recomendação dessa semana é que assista ao vídeo sobre Meditação no HermetiCaos:


Este é o final da série sobre Leis Herméticas. Para mais dicas sobre magia e outros conteúdos filosóficos, mantenham-se antenados com o Caosofia!

Até por acaso! - Fausto Ramos.


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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Causalidade. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!















sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

As Sete Leis Herméticas - 6# Causalidade




"Toda Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo ocorre de acordo com a lei; o Acaso é tão somente um nome para uma lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nenhum escapa à Lei."

Uma das principais críticas de David Hume ao racionalismo de sua época era a respeito do pensamento dedutivo. Hume atestava que a recorrência entre dois eventos consecutivos não indicava, necessariamente, que um evento tenha causado o outro.

A exemplo, muitos consideram o raio como a causa do trovão, dado que o trovão sempre segue ao raio. Contudo, tal pressuposto é falso, dado que ambos o raio e o trovão são resultados de uma descarga elétrica, que por sua vez é provocada pela diferença de potencial elétrico entre as nuvens e o solo.

Contudo, sua crítica se estendia além. Vide o famoso exemplo da bola de bilhar. Caso alguém já tivesse visto repetidas vezes, uma bolha de bilhar chocar-se com a outra, aparentemente estendendo seu movimento em uma continuidade - a primeira bola em movimento para, e a segunda bola passa a se deslocar. Não há, na opinião de Hume, qualquer comprovação de que um fenômeno causa o outro.

Segundo o filósofo, a ideia de dois fenômenos se sucederem não significa, necessariamente, que estes fenômenos estão conectados, dado que a conexão exata entre os fenômenos escapa à nossa percepção. Deste modo, os eventos não estariam conectados, mas apenas conjugados. A recorrência dos eventos que se apresentam de forma conjugada provocaria a impressão de que eles estão conectados como objeto de Causa e objeto de Efeito - como o exemplo do raio e o trovão.

Tal nos deixa com um dilema complicado em mãos. Seriam causa e efeito apenas impressões da mente? Estariam os fenômenos conectados apenas pela recorrência - quase despretensiosa - entre eventos que tendem a ocorrerem juntos, mas que não necessariamente causam um ao outro?

Immanuel Kant sugere que "fenômenos" são as coisas que aparecem e se submetem à nossa faculdade de conhecer. Portanto, não existe fenômeno fora àquilo que somos capazes de processar por meio de nossa percepção - e só percebemos aquilo que podemos conhecer.

Com percepção - vale ressaltar - refiro-me ao ato de processar os estímulos recebidos pelos sentidos. Captar um estímulo pelos sentidos não significa percebê-lo; afinal, somos bombardeados diariamente por uma incontável quantidade de estímulos que ignoramos conscientemente - e cujo efeito só é sentido subliminarmente.

Portanto, dizer que os fenômenos estão conectados em nossas mentes é claramente redundante, dado que o fenômeno é uma ocorrência mental - pertencentes ao espaço dos objetos que podemos de fato conhecer. A verdadeira questão, agora, é descobrir se existe conexão entre os fenômenos mentais e os eventos testemunhados na realidade objetiva.

A grosso modo, Kant conclui que o fato de podermos utilizar da razão para conhecer a realidade, implica que existe algum tipo de racionalidade - de causalidade - implícita na relação entre os objetos observados. Tal pode ser comprovado pela maneira como nós utilizamos desta conexão entre os fenômenos - relação que construímos na mente - para provocar outros fenômenos semelhantes. Tal reprodução, sistemática, calculada, não seria possível se a realidade objetiva estivesse completamente à merce de "eventos que se sucedem sem causa ou efeito".

Nós podemos conhecer e compreender um fenômeno, pois em sua natureza, existe algo de compreensível e cognoscível em si mesmo. É a partir desta "cognição em si mesma" que analiso o Princípio da Causalidade explicitado pela Filosofia Hermética.

Não obstante, existem diferentes níveis de cognição para os fenômenos. Nem todos os fenômenos estão conectados por uma cadeia de causalidades linear ou mesmo enumerável. 

Muitas pessoas utilizam de argumentos como "física quântica" (raramente compreendendo o que tal significa), para atestar que existem fenômenos imprevisíveis e mesmo ambíguos demais para serem decifrados ou calculados. Contudo, níveis de cognição não tem qualquer relação com complexidade de cálculos, mas com ordens de manifestação e compreensão.

Os fenômenos mentais ligados ao Inconsciente - para citar apenas um exemplo - seguem um padrão aparentemente aleatório e indecifrável. Ainda que tenhamos a técnica de Interpretação dos Sonhos, ela não pode ser tomada como uma solução absolutamente confiável para dizer o que causou ou não um sonho. Interpretar um sonho, muitas vezes, diz muito mais sobre a nossa capacidade de manipular e associar símbolos do que encontrar a raiz geradora de uma manifestação caótica e incontrolável - o inconsciente.

Ler significado nas rachaduras de uma parede, diz muito mais sobre a capacidade de flexão semântica do leitor, do que sobre alguma força sobrenatural que se comunica por rachaduras em paredes.

Interpretar sonhos não significa sermos capazes de compreender completa e perfeitamente nossa psiquê oculta. Significa sermos capazes de produzir sentido diante de algo que extrapola o nosso controle.

Admitir que existem fenômenos cuja natureza sempre escaparão a nossa compreensão também é uma forma de cognoscer uma ordem mais ampla de causalidade. É possível que o último dos véus seja uma ilusão, e todos nossos esforços para desvelar o último dos mistérios nos frustre inevitavelmente.

Encerro apenas com a conclusão de que o incalculável, o intangível e inefável, deve fazer parte da equação da vida, do mundo e da existência. Tal percepção - tal fenômeno epistêmico - é o grau mais elevado de compreensão que consigo alcançar quando reflito sobre assuntos tão nebulosos como: as grandes causas do mundo e as engrenagens que se movem por trás da cortina dos olhos.

Após uma longa e tempestuosa leitura, tudo o que recomendo aos bravos leitores que acompanharam o texto até aqui, é um simples exercício intelectual:

Qual é a causa do seu "eu"?

Existe algo que "causa" você? Algo que serve de cerne ou origem para aquilo que se manifesta na sua pessoa? Caso identifique uma causa, experimente buscar algo que seja causa para esta causa anterior - e prossiga sempre em sentido retroativo.

Eu não vou contar como concluir este exercício - nem mesmo posso afirmar se ele chegará a uma conclusão. Recomendo apenas que façam o experimento, anotem os resultados e colham mais uma chave espetacular de sabedoria!

Até por acaso! - Fausto Ramos

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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Causalidade. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!