sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

As Sete Leis Herméticas - 7# Gênero


“O Gênero está em tudo; Tudo tem seu princípio Masculino e Feminino; o gênero se manifesta em todos os planos.”

Segundo a filosofia hermética, os princípios de gênero Masculino e Feminino podem ser discriminados, na mente, por meio do "Eu" e o "Ego" (do original em inglês: "I and me").

O "Eu" organiza nossa identidade: seus sentimentos, gostos, inclinações, preferências, hábitos, aparência - tudo o que me torna "eu". No que tange à identificação com o corpo, muitos chegam a se identificarem particularmente com suas roupas, de maneira a integrarem suas vestes à sua identidade. Muitas outras pessoas assimilam suas posses, seus bens materiais, sua profissão e sua reputação à gama de qualidades que compõem seu "Eu".

O estudante de hermetismo deve reconhecer que essas variáveis estão sujeitas a outras leis, como o Princípio do Ritmo e o Princípio da Polaridade. Portanto, são características que estão eternamente em mutação. Tal como uma paisagem que muda lentamente - se comparada com os movimentos energéticos do "Ego" - as características do "Eu" se modificam lentamente, provocando uma ilusão de continuidade em sua forma e identidade.

Porém, dado um exame meticuloso, perceberemos que a personalidade - forma como muitos identificam o seu "Eu" - passa por diversas mortes ao longo da vida. Vivenciamos vários "Eu"s, no que tange aos gostos, ao caráter, às aquisições materiais e nossa reputação perante aos outros.

Percebendo tais circunstâncias, podemos nos levar a perceber nossos corpos e as questões materiais como "algo que pertence à minha mente" e não mais como a essência de nosso "Eu". E mesmo assim, podemos nos identificar com nossos sentimentos e emoções - nossos estados mentais. E tais variáveis também estão sujeitas às mesmas leis que nosso corpo, tornando nossa identificação, novamente, variável e pouco confiável.

É apenas quando deixamos de lado o corpo, a matéria e nossos estados mentais que nos encontramos com um "Eu" digno de nossa identificação. Este "Eu", mais próximo da essência e do Si-Mesmo, pode finalmente fazer par com o "Ego". Este "Eu" será percebido como um espaço onde todas as outras variáveis da personalidade e dos estados mentais podem ser produzidos. É o "ventre mental", que dá berço a todas as produções da personalidade, contudo, depende de ser geminado pelo "Ego".

Um dos caminhos mais certeiros para experimentar o estado de puro "Eu", é por meio da meditação profunda. Para conhecer algumas dicas básicas de meditação, minha recomendação dessa semana é que assista ao vídeo sobre Meditação no HermetiCaos:


Este é o final da série sobre Leis Herméticas. Para mais dicas sobre magia e outros conteúdos filosóficos, mantenham-se antenados com o Caosofia!

Até por acaso! - Fausto Ramos.


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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Causalidade. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!















sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

As Sete Leis Herméticas - 6# Causalidade




"Toda Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo ocorre de acordo com a lei; o Acaso é tão somente um nome para uma lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nenhum escapa à Lei."

Uma das principais críticas de David Hume ao racionalismo de sua época era a respeito do pensamento dedutivo. Hume atestava que a recorrência entre dois eventos consecutivos não indicava, necessariamente, que um evento tenha causado o outro.

A exemplo, muitos consideram o raio como a causa do trovão, dado que o trovão sempre segue ao raio. Contudo, tal pressuposto é falso, dado que ambos o raio e o trovão são resultados de uma descarga elétrica, que por sua vez é provocada pela diferença de potencial elétrico entre as nuvens e o solo.

Contudo, sua crítica se estendia além. Vide o famoso exemplo da bola de bilhar. Caso alguém já tivesse visto repetidas vezes, uma bolha de bilhar chocar-se com a outra, aparentemente estendendo seu movimento em uma continuidade - a primeira bola em movimento para, e a segunda bola passa a se deslocar. Não há, na opinião de Hume, qualquer comprovação de que um fenômeno causa o outro.

Segundo o filósofo, a ideia de dois fenômenos se sucederem não significa, necessariamente, que estes fenômenos estão conectados, dado que a conexão exata entre os fenômenos escapa à nossa percepção. Deste modo, os eventos não estariam conectados, mas apenas conjugados. A recorrência dos eventos que se apresentam de forma conjugada provocaria a impressão de que eles estão conectados como objeto de Causa e objeto de Efeito - como o exemplo do raio e o trovão.

Tal nos deixa com um dilema complicado em mãos. Seriam causa e efeito apenas impressões da mente? Estariam os fenômenos conectados apenas pela recorrência - quase despretensiosa - entre eventos que tendem a ocorrerem juntos, mas que não necessariamente causam um ao outro?

Immanuel Kant sugere que "fenômenos" são as coisas que aparecem e se submetem à nossa faculdade de conhecer. Portanto, não existe fenômeno fora àquilo que somos capazes de processar por meio de nossa percepção - e só percebemos aquilo que podemos conhecer.

Com percepção - vale ressaltar - refiro-me ao ato de processar os estímulos recebidos pelos sentidos. Captar um estímulo pelos sentidos não significa percebê-lo; afinal, somos bombardeados diariamente por uma incontável quantidade de estímulos que ignoramos conscientemente - e cujo efeito só é sentido subliminarmente.

Portanto, dizer que os fenômenos estão conectados em nossas mentes é claramente redundante, dado que o fenômeno é uma ocorrência mental - pertencentes ao espaço dos objetos que podemos de fato conhecer. A verdadeira questão, agora, é descobrir se existe conexão entre os fenômenos mentais e os eventos testemunhados na realidade objetiva.

A grosso modo, Kant conclui que o fato de podermos utilizar da razão para conhecer a realidade, implica que existe algum tipo de racionalidade - de causalidade - implícita na relação entre os objetos observados. Tal pode ser comprovado pela maneira como nós utilizamos desta conexão entre os fenômenos - relação que construímos na mente - para provocar outros fenômenos semelhantes. Tal reprodução, sistemática, calculada, não seria possível se a realidade objetiva estivesse completamente à merce de "eventos que se sucedem sem causa ou efeito".

Nós podemos conhecer e compreender um fenômeno, pois em sua natureza, existe algo de compreensível e cognoscível em si mesmo. É a partir desta "cognição em si mesma" que analiso o Princípio da Causalidade explicitado pela Filosofia Hermética.

Não obstante, existem diferentes níveis de cognição para os fenômenos. Nem todos os fenômenos estão conectados por uma cadeia de causalidades linear ou mesmo enumerável. 

Muitas pessoas utilizam de argumentos como "física quântica" (raramente compreendendo o que tal significa), para atestar que existem fenômenos imprevisíveis e mesmo ambíguos demais para serem decifrados ou calculados. Contudo, níveis de cognição não tem qualquer relação com complexidade de cálculos, mas com ordens de manifestação e compreensão.

Os fenômenos mentais ligados ao Inconsciente - para citar apenas um exemplo - seguem um padrão aparentemente aleatório e indecifrável. Ainda que tenhamos a técnica de Interpretação dos Sonhos, ela não pode ser tomada como uma solução absolutamente confiável para dizer o que causou ou não um sonho. Interpretar um sonho, muitas vezes, diz muito mais sobre a nossa capacidade de manipular e associar símbolos do que encontrar a raiz geradora de uma manifestação caótica e incontrolável - o inconsciente.

Ler significado nas rachaduras de uma parede, diz muito mais sobre a capacidade de flexão semântica do leitor, do que sobre alguma força sobrenatural que se comunica por rachaduras em paredes.

Interpretar sonhos não significa sermos capazes de compreender completa e perfeitamente nossa psiquê oculta. Significa sermos capazes de produzir sentido diante de algo que extrapola o nosso controle.

Admitir que existem fenômenos cuja natureza sempre escaparão a nossa compreensão também é uma forma de cognoscer uma ordem mais ampla de causalidade. É possível que o último dos véus seja uma ilusão, e todos nossos esforços para desvelar o último dos mistérios nos frustre inevitavelmente.

Encerro apenas com a conclusão de que o incalculável, o intangível e inefável, deve fazer parte da equação da vida, do mundo e da existência. Tal percepção - tal fenômeno epistêmico - é o grau mais elevado de compreensão que consigo alcançar quando reflito sobre assuntos tão nebulosos como: as grandes causas do mundo e as engrenagens que se movem por trás da cortina dos olhos.

Após uma longa e tempestuosa leitura, tudo o que recomendo aos bravos leitores que acompanharam o texto até aqui, é um simples exercício intelectual:

Qual é a causa do seu "eu"?

Existe algo que "causa" você? Algo que serve de cerne ou origem para aquilo que se manifesta na sua pessoa? Caso identifique uma causa, experimente buscar algo que seja causa para esta causa anterior - e prossiga sempre em sentido retroativo.

Eu não vou contar como concluir este exercício - nem mesmo posso afirmar se ele chegará a uma conclusão. Recomendo apenas que façam o experimento, anotem os resultados e colham mais uma chave espetacular de sabedoria!

Até por acaso! - Fausto Ramos

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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Causalidade. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!






sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

As Sete Leis Herméticas - 5# Ritmo


“Tudo flui, para fora e para dentro; tudo tem suas marés; tudo sobe e cai; a oscilação pendular se manifesta em tudo; a medida da oscilação à direita é a medida da oscilação à esquerda; o ritmo é a compensação.”

O Princípio do Ritmo está intimamente ligado ao Princípio de Polaridade, descrito no texto anterior, uma vez que o pêndulo das oscilações variam entre um polo e outro. Contudo, essa Lei pode ser burlada ou distorcida, quando contrastada com outras leis. É o exemplo do Princípio da Correspondência, que demonstra uma correlação entre as leis que atuam sobre os diversos planos, contudo, determina que as leis dos planos superiores prevalecem sobre os planos inferiores. Portanto, o hermetista experiente é capaz de atuar sobre um plano superior, digamos, o Plano Mental, para que seja capaz de interferir na oscilação que o pêndulo fará no Plano Físico. Assim, ao invés de oscilar entre estados positivos e negativos de humor e providência, ele conserva um estado mais elevado - ancorando-se no plano mais elevado de realidade -, delegando a oscilação para outra região mental: o inconsciente.

Ainda que essa pareça ser uma operação complexa para o neófito, temo em dizer que a prática é a melhor professora. Ainda que a prática que pretendo sugerir não ensine como excitar a essa estabilidade psíquica e emocional, ela ajuda na tomada de consciência sobre esse movimento.

Observe suas emoções:

Mantenha um diário, virtual ou físico, registrando suas emoções e sentimentos diariamente. Pode parecer um Trope de filme adolescente, mas manter um diário é um exercício psicológico muito prático e proveitoso, principalmente quando voltamos para ler o que registramos e perceber nossas oscilações de humor.

É importante registrar, sempre que possível, os acontecimentos mais marcantes daquele dia, ou, os eventos que parecem ter influência sobre seu estado de humor: brigou com seu parceiro; passou por algum estresse no trabalho/faculdade; comprou algo novo; recebeu um presente, etc.

Para os que têm interesse em algo ligeiramente mais avançado, tenham em mãos um calendário lunar e junto a cada registro do diário, adicionem uma nota com a fase lunar daquele dia. Eu aconselho fazer um registro pictográfico - desenhe uma pequena lua representando a fase lunar ao lado da data de cada registro. Assim você poderá observar se as suas oscilações de humor tem relação ou não com as fases lunares - e como se dá essa relação.

Antes de exercer domínio sobre suas emoções é necessário reconhecer o que as influencia. Contudo, eu comento que a prática sugerida pelo exercício do texto anterior entrega uma das chaves sobre a tão almejada estabilidade emocional.

Até por acaso! - Fausto Ramos



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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio do Ritmo. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!


quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

As Sete Leis Herméticas - 4# Polaridade


Como uma ferradura de cavalo, os extremos convergem. Amor absoluto e ódio absoluto se igualam na medida em que se transfiguram em uma obsessão irremediável: falam sobre o objeto de amor/ódio o dia inteiro, investigam e vigiam os passos da pessoa amada/odiada para todos os lados, analisam cada publicação no facebook, visualizam todos os histories no instagram e daí por diante.

Transitar entre diferentes graus de uma Polaridade implica compreender que em toda e cada estância, manipula-se a mesma Substância, apenas em diferentes graus. Para o exercício desta semana, eu serei bem direto em dizer que ele se trata de um exercício de transição, cuja intenção é educar o praticante ao controle emocional e à capacidade de alternar entre estados emocionais.


Exercício: Transitar entre a tristeza e a alegria


Começaremos nos induzindo ao estado de tristeza. Você pode assistir um filme muito triste, ou ler um conto que sempre lhe deixa deprimido(a). A priori, eu recomendo que tente alcançar esse estado apenas por meio do pensamento, mentalizando coisas que lhe deixam triste a ponto de chorar - e é imprescindível que você chore! Arranque algumas lágrimas de seus olhos. De preferência, chore até começar a soluçar um pouco ou ficar rouco(a).



Agora que experimentamos um determinado grau de animosidade, é hora de nos conduzirmos ao outro polo do espectro. É necessário enxugar as lágrimas e buscar pensar em coisas que nos deixem felizes. Pense sobre a última vez em que sentiu uma extasia leve, quase gratuita; aquela sensação de que o coração vai saltar para fora do peito, feito um passarinho pipilante. Pode ser o dia em que recebeste notícia de que passou no vestibular - ou quando você comprou um celular novo que queria muito ter, ninguém está julgando sua fonte de alegria. É necessário que você sorria, gargalhe - gargalhe alto! Se necessário, coloque uma música e comece a dançar, algo agitado e alegre, algo que lhe faça balançar e pular.


E chegando neste estágio, como fazemos para voltar ao equilíbrio? Este equilíbrio sequer existe? O equilíbrio, se assim o pudêssemos chamar, só pode ser dinâmico, fluido, inconstante. Não há ponto de equilíbrio. As pessoas mais equilibradas que você conhece são aquelas que têm ciência disso: nós estamos sempre desequilibrados, fora do eixo, à deriva.

Contudo, é inegável que alguns estados mentais são favoráveis a outros. Nossa realidade sensível - fenomenológica - é pautada pela nossa sensação de prazer e dor, atração e repulsa. Tendemos a preferir os estados de prazer, ainda que possamos reconhecer o valor da dor emocional, por exemplo, na catarse da criação artística - que é uma poderosa Alquimia a nos guiar para estados mais leves de espírito.


Portanto, um praticante de magia tende a vigiar com muita atenção seus pensamentos, justamente por conhecer o Princípio do Mentalismo, onde nossa realidade começa a ser criada em nossa imaginação, no nosso Pensar. Um mago vigia constantemente seus pensamentos, para não se permitir a dar força, por muito tempo, a criações mentais que venham a trabalhar contra ele. 

Tendemos a nos conduzir, meio por desorientação, meio por hábito cultural e semiótico, a imaginar cenários de conflito e dificuldade para nós mesmos. Fazemos tal como pequenos filmes rodando em nossas mentes. É compreensível que a mentalidade humana parece ser majoritariamente orientada por conflitos - é a base de toda narrativa. Entretanto, essas fantasias, delírios à luz do dia, afetam nosso estado emocional. Quando notamos, estamos injuriados, protestando e discursando contra uma multidão que se volta contra nós, dentro de nossas próprias fantasias.


Talvez queiramos nos imaginar como heróis, vivendo uma narrativa mais relevante e aventureira do que o nosso habitual dia-a-dia. Contudo, raramente esses conflitos encontram um caminho para uma solução que nos satisfaça. Parece ser na vil natureza dessas fantasias o fato de que elas nunca acaba - as cortinas nunca caem. E é provável que seja, novamente, da natureza desses delírios a ansiedade por nunca serem encerrados. São criações mentais que ganham força em si mesmas - e caso o conflito seja solucionado, a criação se encerra e perde força.

Tire força de suas criações mentais negativas, antes que elas sequer comecem a suspirar com os sopros de sua imaginação! Um modo de lavar embora os maus pensamentos é aprendendo a dominar e controlar o próprio estado emocional, adotando para si métodos de auto-condução de um estado mental/emocional a outro. Este método de condução tende a ser muito efetivo para todos os que buscam uma "limpeza espiritual" e uma "vida mais harmoniosa". Quem deseja pureza e harmonia, deve começar limpando os próprios pensamentos.


Até por acaso! - Fausto Ramos



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< Princípio da Vibração                                                   Princípio do Ritmo>