Como uma ferradura de cavalo, os extremos convergem. Amor absoluto e ódio absoluto se igualam na medida em que se transfiguram em uma obsessão irremediável: falam sobre o objeto de amor/ódio o dia inteiro, investigam e vigiam os passos da pessoa amada/odiada para todos os lados, analisam cada publicação no facebook, visualizam todos os histories no instagram e daí por diante.
Transitar entre diferentes graus de uma Polaridade implica compreender que em toda e cada estância, manipula-se a mesma Substância, apenas em diferentes graus. Para o exercício desta semana, eu serei bem direto em dizer que ele se trata de um exercício de transição, cuja intenção é educar o praticante ao controle emocional e à capacidade de alternar entre estados emocionais.
Exercício: Transitar entre a tristeza e a alegria.
Começaremos nos induzindo ao estado de tristeza. Você pode assistir um filme muito triste, ou ler um conto que sempre lhe deixa deprimido(a). A priori, eu recomendo que tente alcançar esse estado apenas por meio do pensamento, mentalizando coisas que lhe deixam triste a ponto de chorar - e é imprescindível que você chore! Arranque algumas lágrimas de seus olhos. De preferência, chore até começar a soluçar um pouco ou ficar rouco(a).
Agora que experimentamos um determinado grau de animosidade, é hora de nos conduzirmos ao outro polo do espectro. É necessário enxugar as lágrimas e buscar pensar em coisas que nos deixem felizes. Pense sobre a última vez em que sentiu uma extasia leve, quase gratuita; aquela sensação de que o coração vai saltar para fora do peito, feito um passarinho pipilante. Pode ser o dia em que recebeste notícia de que passou no vestibular - ou quando você comprou um celular novo que queria muito ter, ninguém está julgando sua fonte de alegria. É necessário que você sorria, gargalhe - gargalhe alto! Se necessário, coloque uma música e comece a dançar, algo agitado e alegre, algo que lhe faça balançar e pular.
E chegando neste estágio, como fazemos para voltar ao equilíbrio? Este equilíbrio sequer existe? O equilíbrio, se assim o pudêssemos chamar, só pode ser dinâmico, fluido, inconstante. Não há ponto de equilíbrio. As pessoas mais equilibradas que você conhece são aquelas que têm ciência disso: nós estamos sempre desequilibrados, fora do eixo, à deriva.
Contudo, é inegável que alguns estados mentais são favoráveis a outros. Nossa realidade sensível - fenomenológica - é pautada pela nossa sensação de prazer e dor, atração e repulsa. Tendemos a preferir os estados de prazer, ainda que possamos reconhecer o valor da dor emocional, por exemplo, na catarse da criação artística - que é uma poderosa Alquimia a nos guiar para estados mais leves de espírito.
Portanto, um praticante de magia tende a vigiar com muita atenção seus pensamentos, justamente por conhecer o Princípio do Mentalismo, onde nossa realidade começa a ser criada em nossa imaginação, no nosso Pensar. Um mago vigia constantemente seus pensamentos, para não se permitir a dar força, por muito tempo, a criações mentais que venham a trabalhar contra ele.
Tendemos a nos conduzir, meio por desorientação, meio por hábito cultural e semiótico, a imaginar cenários de conflito e dificuldade para nós mesmos. Fazemos tal como pequenos filmes rodando em nossas mentes. É compreensível que a mentalidade humana parece ser majoritariamente orientada por conflitos - é a base de toda narrativa. Entretanto, essas fantasias, delírios à luz do dia, afetam nosso estado emocional. Quando notamos, estamos injuriados, protestando e discursando contra uma multidão que se volta contra nós, dentro de nossas próprias fantasias.
Talvez queiramos nos imaginar como heróis, vivendo uma narrativa mais relevante e aventureira do que o nosso habitual dia-a-dia. Contudo, raramente esses conflitos encontram um caminho para uma solução que nos satisfaça. Parece ser na vil natureza dessas fantasias o fato de que elas nunca acaba - as cortinas nunca caem. E é provável que seja, novamente, da natureza desses delírios a ansiedade por nunca serem encerrados. São criações mentais que ganham força em si mesmas - e caso o conflito seja solucionado, a criação se encerra e perde força.
Tire força de suas criações mentais negativas, antes que elas sequer comecem a suspirar com os sopros de sua imaginação! Um modo de lavar embora os maus pensamentos é aprendendo a dominar e controlar o próprio estado emocional, adotando para si métodos de auto-condução de um estado mental/emocional a outro. Este método de condução tende a ser muito efetivo para todos os que buscam uma "limpeza espiritual" e uma "vida mais harmoniosa". Quem deseja pureza e harmonia, deve começar limpando os próprios pensamentos.
Até por acaso! - Fausto Ramos
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Ei, psiu! Você ainda está um pouco confuso com esse texto? Acontece que ele acompanha um vídeo sobre o Princípio da Polaridade. Caso ainda não conheça, dê uma conferida no vídeo e volte para o texto com outra compreensão!
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